Monday, May 22, 2017

ABRIR UMA FRANQUIA - CASA DO NOTEBOOK UMA DAS MAIS PROCURADAS NA ABF

A franquia da Casa do Notebook está entre as mais procuradas no Portal da ABF. Como figura entre as franquias mais baratas, sem estar classificada como Microfranquia, é uma opção de negócio completa e rentável. As lojas da Casa do Notebook prestam serviços e vendem peças e acessórios para portáteis. A empresa completa 29 anos em 2017, e tem um curso de técnico em notebooks e técnico em smartphones há mais de onze anos. O franqueado recebe, além do treinamento, todas as informações e suporte para montar sua loja: Manual do franqueado, Fornecedores, informações sobre móveis e ferramentas, auxílio na escolha do ponto comercial e, após a abertura da loja, tem suporte permanente por telefone, e-mail, Skype, Whatsapp com voz, dados e imagem.
Casa do Notebook - Sua cidade ainda vai ter uma, e pode ser a sua.
Informações: franquias@casadonotebook.com.br.
Site: www.casadonotebook.com.br

Sunday, May 21, 2017

ABRA UMA FRANQUIA - CASA DO NOTEBOOK BATE RECORDE DE CONSULTAS NA ABF

Página da Casa do Notebook


A notícia chegou pelo e-mail e é oficial. Nas consultas de interessados feitas no Painel da ABF na Internet, a Casa do Notebook é uma das mais consultadas, entre mais de trezentas empresas. E isso se justifica pela facilidade para abrir uma loja da empresa, pelo custo acessível e taxa de franquia facilitada, pela necessidade dos serviços prestados pela empresa aos milhões de notebooks e smartphones existentes no país.
A área de prestação de serviços é uma das mais nobres no comércio, pois oferece ajuda às pessoas. E essa é a especialidade da empresa.
Quem adquire uma franquia da Casa do Notebook tem direito a cursos de técnico em notebooks e técnico em smartphones. Também recebe treinamento em loja para atendentes e proprietários, recebe o manual completo, todos os fornecedores e orientação sobre o ponto comercial e instalação de sua loja.
Após inaugurar a loja, o franqueado passa a ter suporte permanente por telefone, skype, messenger, com voz ou imagem, e tem direito a novos treinamentos sem custo, bastando agendar.

Contatos: franquias@casadonotebook.com.br ou no site www.casadonotebook.com.br

Monday, December 09, 2013

ALCOOL AUMENTA EXPECTATIVA DE VIDA E CAFEÍNA DIMINUI !



Pessoal, cada dia inventam uma. Eu não sei mais em que acreditar. Não sei se é o avanço da ciência que promove essas novas descobertas e mudanças bruscas de rumo, mas num dia o ovo é o vilão, no outro não é mais, num dia o café é ótimo e prolonga a vida, no outro diminui a expectativa de vida, assim fica difícil acompanhar. Pelo menos nós sabemos que, comendo de tudo um pouco, dando atenção especial para as fibras, vamos emagrecendo e ficando mais saudáveis. Também vamos afastando algumas doenças com a prática regular de exercícios moderados. Caminhadas pelo quarteirão já servem. Umas braçadas na piscina também. Umas pedaladas, uma corridinha, subir uns andares pela escada. Nada muito radical, mas constante. Esse é o segredo para ser feliz. Veja agora a matéria publicada hoje no Terra.com:

É provável que a maioria das pessoas acredite que uma xícara de café é menos prejudicial à saúde do que um copo de cerveja. No entanto, de acordo com pesquisadores da Tel Aviv University, a cafeína pode diminuir a expectativa de vida, enquanto o álcool pode aumentá-la. As informações são do Daily Mail.

A explicação é que, ao contrário do álcool, a cafeína reduz o telômero, que é o responsável por manter os cromossomos estáveis e prevenir a deterioração quando as células que o contêm se dividem. O tamanho dos telômeros diminui conforme a idade e esta redução está associada à saúde precária e mais chances de morte prematura.

“Pela primeira vez nós identificamos fatores ambientais que alteram o comprimento do telômero e mostramos como isto acontece. O que descobrimos pode, um dia, contribuir para a prevenção e tratamento de muitas doenças”, disse o professor e pesquisador Martin Kupiec. 
 
Acredite se quiser, faça o melhor para você e seja feliz.
 

Saturday, February 16, 2013

A valente Dona Maria.


Dona Maria era minha mãe. Ela faleceu há mais de dez anos, mas está presente nas coisas que eu vejo e ouço até hoje. Basta olhar para meus três irmãos e ver a presença dela em seus rostos. Ou no rosto de meus sobrinhos e primos. Dona Maria era uma senhorinha baixinha e altiva, bondosa, orgulhosa e corajosa ao extremo. Basta dizer que aos cinquenta anos ficou viúva precocemente (meu pai faleceu aos 49 anos), com quatro filhos homens e sem nenhuma herança, a não ser talvez alguns crediários ainda por pagar. Os cunhados, penalizados e em melhor situação, se ofereceram para cuidar de alguns dos filhos para aliviar as coisas. Dna. Maria não aceitou. Imagine! Deixar meus filhos para alguém cuidar. Quem cuida de meus filhos sou eu...
E, o que fazer para alimentar cinco bocas naquela casa agora órfã de um pai? Ela não teve dúvidas. Comprou umas apostilas para concurso público e voltou a estudar. Fez inscrição no concurso para escriturário do Fórum de Justiça de São Paulo, prestou exames e passou com louvor. E assumiu seu cargo com muito orgulho. Uma senhorinha de 50 anos entre as jovens que também haviam sido aprovadas. E tocou sua vida, orientando os quatro filhos homens, fiscalizando o mais jovem e pagando escolas particulares para que ele se formasse em jornalismo, sustentando uma casa com quatro adolescentes sem pai. Uma vida bastante sofrida, numa época em que não se andava de carro como hoje. Era ônibus lotado dia e noite. E, além de trabalhar o dia todo fora e de cuidar da casa à noite, ainda tinha forças para lutar pelos colegas que recebiam como escriturários mas exerciam o cargo de escrevente. Ela tomou a frente nessa luta, conseguiu um advogado para a causa, todos entraram na justiça em grupo e conseguiram reverter aquela situação, conquistando o cargo de escrevente, com grande aumento de salário e um alto valor em retroativos.

Alguns locais e algumas coisas me lembram mais minha mãe, como ao comer pasteizinhos de carne bem temperados com pedacinhos de azeitona verde que ela costumava fazer, mas vou contar um fato que pode ajudar a entender a sua personalidade: Minha mãe estava em minha casa - eu já adulto com mais de quarenta anos, ela com mais de setenta - e ela viu na mesinha de centro da sala uma revista Veja, e exclamou: Olha o Tião aí! Eu peguei a revista e falei: Que Tião, mãe? Na capa da revista estava escrito: "O homem mais rico do Brasil" e tinha uma foto de Sebastião Camargo, dono da Camargo Corrêa, uma das maiores empreiteiras do país. Minha mãe respondeu com simplicidade: O Tião, meu primo irmão. Olha ele aí na capa da revista. Bem, eu quase caí de costas. Ele é seu primo, mãe? Você é prima-irmã do cara mais rico do Brasil? E por que eu fui office-boy até os vinte anos?  Por que nós nunca tivemos dinheiro? Tantas dificuldades! Você nunca pediu ajuda a ele?  E ela sempre tranquila: Parentesco não quer dizer nada, meu filho. Você deve fazer sua vida por si mesmo. Isso é que dá valor às coisas.
Bem, eu fui pesquisar por curiosidade, e não é que o homem era primo mesmo (era, porque já morreu). Minha mãe era de Jaú, interior de São Paulo, da família Camargo Arruda. O Sebastião Camargo, seu primo, ficou rico na época do governo Adhemar de Barros construindo estradas no interior do Estado. Segundo um de meus irmãos, minha mãe havia contado a ele que foi ela quem conseguiu o primeiro emprego para Sebastião Camargo, como mensageiro no Cartório da cidade, onde ela trabalhava.
E, usando a Internet, descobri mais ainda. Minha mãe era neta de Lucio de Arruda Leme, um dos fundadores da cidade. Lucio emprestava sua casa para as reuniões dos fundadores da cidade, como descobri no site da cidade de Jaú.
Bem, chega de falar da Dna. Maria. Espero que esteja bem aonde estiver, e que curta os netinhos que estão aqui na terra aprontando bastante.
Quanto a mim, acho que com esse pedigree eu já nem preciso ganhar na Megasena. É só esperar um meteoro feito de diamantes cair no meu quintal, e fico rico em instantes.
Enquanto isso não acontece, eu vou trabalhando e lembrando de histórias antigas para contar neste blog. Na próxima talvez eu conte a história dos Castanho, que chegaram ao Brasil pelos idos de 1500.
Até mais...



Tuesday, September 28, 2010

Com o dedo na ferida.

(Este post foi publicado pela Revista Náutica - Edição de novembro/2010)

Para quem gosta de água e de aventura, a vontade de navegar supera tudo. Meu irmão Luiz tem todos os predicados para ser um grande navegante. Adora a água - seja de um rio, uma represa ou do mar - e topa qualquer parada para poder navegar.
Quando começamos a fazer negócios juntos e ganhar uns trocados, pensamos logo em comprar um barquinho à motor. Já tínhamos sido sócios num pequeno veleiro Paturi, comprado e mantido na represa de Guarapiranga, em São Paulo. Estávamos em pleno 1988 e era tempo de evoluir.
Mas, a grana ainda era pouca, e não podíamos investir muito. Ele então procurou nos jornais de usados e encontrou um inflável de quatro metros. “Usado, mas em ótimo estado”, dizia o anúncio. E comprou aquela joia.
Começamos então a procurar por um motor de popa poderoso para empurrar aquele espaçoso inflável. E novamente foi o Luiz quem encontrou um possante. Tratava-se de um Evinrude 25 HP com poucos anos de vida, segundo o proprietário. E era tratado com todo o carinho. O próprio filho dele cuidava da mecânica. E olha que o garoto tinha apenas dezessete anos.
Bom, a verba era curta, não dava para escolher muito. Tentamos negociar, oferecemos um micro montado para o garoto, mas nada o fazia mudar de idéia. Queria mil dólares pelo motor, nem mais nem menos. Estávamos na casa deles, já era sexta-feira à noite, e a vontade de navegar no final de semana superou qualquer resquício de cautela. E compramos o motor.
A viagem para Ubatuba nunca pareceu tão longa. Eu tinha um trailer estacionado num camping da praia da Lagoinha, e para lá rumamos já de madrugada, chegando às três da manhã.
Dormimos muito pouco, a família toda, esperando pela luz do dia para podermos entrar no mar e navegar por aquelas ilhas e pelas costeiras maravilhosas e desconhecidas que já conseguíamos ver em nossa imaginação.
Às oito da manhã estávamos colocando o barco na água, depois de gastar muito fôlego para enchê-lo. Subimos à bordo, eu, o Luiz, meu filho Felipe e o Tavinho, meu sobrinho. O motor não deu chabú, pegou logo entre a centésima e a duocentésima puxada da cordinha. O problema é que, quando começamos a acelerar, ele parecia não ter força para empurrar aquele peso todo. Parecia ter apenas cinco HP. Tínhamos caído no golpe do motor de popa.
A essa altura não dava mais para reclamar. Vamos passear assim mesmo, decidimos. E saímos em direção à ilhota da Lagoinha, onde ancoramos e ficamos nadando e mergulhando. Que maravilha. Finalmente tínhamos nossa própria embarcação. Não era grande coisa, mas para nós era o paraíso, tudo pelo que tínhamos sonhado. Nossos filhos estavam orgulhosos de nós.
Depois de umas duas horas, resolvemos voltar à praia, que estava a cerca de quinhentos metros. E ocorreu a primeira surpresa. O barquinho estava murchando, esvaziando devagar, devia estar furado, sei lá.
Aí, bateu o desespero. Chamamos os garotos correndo, entramos todos no barco, ligamos o motor que pegou mais rápido dessa vez e partimos capengando de volta para o camping. O barquinho, meio murcho, ia navegando de lado, querendo virar para bombordo por conta própria, mas conseguimos conduzi-lo até a praia. Alívio total.
Depois dessa desastrada aventura fomos almoçar com as esposas, e o Luiz saiu pela cidade atrás de um kit para tapar os buracos do barco. Voltou apenas às sete horas da noite, exultante com os remendos de borracha e a cola de sapateiro que “descolou” em alguma biboca de Ubatuba.
Enquanto todos jantavam, assistiam televisão e iam dormir, o Luiz trabalhava. Desmontou toda a carcaça do inflável e remendou um a um todos os pequenos furos que encontrou nas câmaras de ar. Segundo nos contou no dia seguinte, só foi dormir às duas da manhã, depois de fechar e encher de ar novamente o barco. Tinha encontrado mais de dez furos naquela jóia.
Mas, como bom marinheiro, não desistia, e às oito da manhã já estava em pé, pronto para nova aventura nos mares de Ubatuba.
Saímos então, os quatro aventureiros, em nova travessia motorizada. Desta vez, como tínhamos um barquinho reformado – e apesar do motor pópópó que não rendia nada – resolvemos navegar paralelo à costa em direção à ilha do Mar Virado. Não sei por que, mas esse nome me assusta um pouco até hoje.
Quando tínhamos percorrido talvez umas duas milhas, encontramos uma encosta muito alta com águas de um verde claro, transparente, que nos convidavam para um refrescante mergulho. Acho que todos pensaram ao mesmo tempo: É aqui que nós vamos ficar. Antes mesmo de ancorar, os meninos já tinham pulado na água e começaram a nadar em direção ao paredão de pedra.
Engraçado que por nenhum momento me ocorreu não termos coletes salva-vidas ou qualquer outro meio de salvamento além do próprio barco, que pelo menos era inflável e não afundava.
Pois bem, enquanto o Luiz punha o motor em ponto morto, eu me encarreguei da pequena âncora que se abria em três hastes pontudas. E caprichei. Girei a âncora uma, duas, três vezes e PAU...ela raspou a superfície do barquinho e fez um furo.
Sim, parecia impossível, mas tinha acontecido. O barquinho estava furado, e chiava como uma panela de pressão. Imediatamente coloquei um dedo na ferida - no furo - e gritei para o Luiz chamar as crianças porque o barco podia afundar. Os moleques nadaram como golfinhos movidos pelo desespero e pelos gritos do Luiz, que ao mesmo tempo tentava ligar o motor e gritava: “Seu maluco, sabe quantas horas eu trabalhei para tapar os furos ?”. “Seu desastrado, por que você fez isso ?”. Como se eu tivesse feito de propósito.
Para completar, o motor não queria mais pegar. Foram mais de quinze minutos de sofrimento e centenas de puxadas na cordinha para que ele finalmente pegasse e nos empurrasse a dois e meio nós por hora de volta até o camping. Meu dedo já não doía mais apertando aquele furo – tinha adormecido. O braço ameaçava ter uma cãibra e eu não achava uma posição para me firmar no barco. Foram as duas milhas mais longas de minha vida.
O Luiz acelerando e xingando, os meninos tremendo e rezando, o motor resfolegando e eu me equilibrando no inflável com o dedo enfiado naquele buraco para evitar o pior. Quando fizemos a volta na última pedra e avistamos a praia da Lagoinha novamente, bateu um alívio geral. Mais uns quinze minutos e encostamos na praia. Só faltou chorarmos de alegria.
Bem, a história termina aqui, porque o Luiz perdeu o entusiasmo e não quis mais consertar o barco. Aliás, não quis mais falar comigo por um bom tempo.
Também mudou o tempo e choveu muito no dia seguinte, enchendo todo o camping de água e acabando de vez com o programa.
Ficou o gosto pela navegação que pude curtir tão pouco mas que me contaminou. Desde 1997, quando comprei minha pequena e marinheira Wellcraft 19, um Utility Boat, já naveguei muito. Dei a volta em Ilhabela, circulei pelo canal de Bertioga mais de cinqüenta vezes, levei a lanchinha para Angra, Barra do Una, as Ilhas. Hoje navego numa Fishing 22 UB, e nunca mais esqueci a lição: Não deixo de conferir o material de salvatagem, e sigo religiosamente todas as rotinas de ancoragem que aprendi com o Carlão nos cursos de Arrais e Mestre.
E fiz uma promessa: Navegar no dedo, nunca mais.

Aquilamaris, Aquilamaris, mayday Aquilamaris


Aquilamaris é a mãe.
Eu detesto essa brincadeira , mas os amigos do Percy Neto, meu sobrinho lá de Santos, insistem nela. Basta eu chegar para o coro começar: “Aquilamaris, aquilamaris, socorro aquilamaris”. E o culpado, novamente, é o meu irmão Luiz que não soube explicar a eles a situação dramática que passamos.
Na verdade, eu tive uma experiência traumatizante com minha primeira lanchinha, chamada El Niño. E o Luiz – gozador como ninguém - contou para todos como se fosse piada. E eles agora não perdoam: “Aquilamaris....”.
Vou contar como foi. Vejam se eu não tinha razão em ficar apavorado.
Eu encomendei uma lanchinha maravilhosa em São Paulo, no estaleiro Dumar, e quando ficou pronta escolhi uma Marina do Guarujá para guardar o barco. A Marina chamava-se Áquila Maris.
Essa Marina ficava na praia de Pernambuco, com saída por uma baía chamada de Mar Casado.
Até aí, tudo bem. Testamos o barco no Canal de Bertioga, foram feitos todos os acertos de hélice e comandos, e eu comecei a navegar aos poucos, saindo na primeira navegada com um dos sócios da Marina, para conhecer as redondezas.
Mas, marinheiro de primeira viagem, cometi alguns desatinos nos primeiros passeios, e vou contar alguns deles em breve.
Hoje quero falar desse episódio, que reflete uma ocorrência até comum entre os iniciantes, mas que poderia ter acabado em tragédia.
Num dos primeiros passeios com meu barco, ainda encantado com as possibilidades que se abriam, levei meu irmão Luiz e seus dois filhos, o Tavinho e o Gabriel, para um passeio.
Como ainda não tinha muita experiência, saímos do Mar Casado, demos a volta no morro e resolvemos ancorar na praia de Pernambuco, uma das mais bonitas do Guarujá.
Tudo dentro da normalidade, local abrigado, boa distância da praia, alguns barcos já estavam no local. Escolhemos um ponto e pedi ajuda ao Luiz para jogar a âncora enquanto eu manobrava o barco.
A grande falha estava na manobra de ancoragem. Eu deveria ficar com a proa voltada para o vento e não com a popa. Nesse pequeno descuido, e por total falta de preparo, acabamos ancorando bem em cima da âncora, sem folga no cabo.
Como não sabíamos disso, ficamos tranqüilos. O Tavinho, meu sobrinho mais velho, já tinha dezesseis anos e nadava bem. Foi o primeiro a pular na água. Em seguida saiu o Gabriel, com oito anos, vestindo um salva-vidas e sentado numa bóia.
Eu demorei um pouco mais a cair na água, esperando para verificar se estava tudo bem, e tentando convencer o Luiz a nadar também, coisa que ele prudentemente recusou.
Finalmente dei um mergulho e comecei a nadar um pouco em direção à praia. Quando estava a uns trinta metros do barco parei de nadar e olhei em direção a ele. E, surpresa, o barquinho ancorado parecia estar se deslocando.
Quase não acreditei. Achei que estava tendo uma impressão errada e demorei um pouco para reagir, mas não havia dúvida - ele estava se deslocando e ia em direção às pedras.
Meu coração disparou. Comecei a gritar para o Luiz ligar o motor, enquanto nadava como um louco tentando alcançar o barco. Na minha cabeça um turbilhão: O barco desgarrado em direção às pedras, meus sobrinhos na água, meu irmão dentro do barco não me escutava, não estava treinado sobre a operação do barco, e já estava assustado com aquele movimento. Uma tragédia.
Bom, não tinha outra alternativa senão rezar e nadar, rezar e nadar, e torcer para que o Luiz lembrasse de ligar o motor e se afastar, ou que o vento desviasse o barco para outra direção.
Finalmente, já totalmente sem fôlego e ainda longe uns cinquenta metros, percebi que o barco parou. Comecei a nadar com forças renovadas, sempre gritando para o Luiz: “liga o motor, liga o motor !”. Quando cheguei ao barco e subi pela escadinha, assumi o comando xingando meu irmão por não ter ligado o motor do barco. Só que ele havia tentado, mas a partida não funcionava. Tentei umas vinte vezes dar a partida, mas não ligava.
Apavorado com a situação, olhei para as pedras ali ao lado ainda sem entender porque o barco tinha parado, olhei para meu sobrinho pequeno indo embora em cima da bóia a uns cem metros do barco e sendo levado pela corrente, e me desesperei.
Enquanto tentava ligar o motor que não dava sinal, peguei o rádio e comecei a chamar desesperado: “Áquila Maris, Áquila Maris...Mayday....Mayday...Socorro Áquilamaris....”.
Aí veio a surpresa, na resposta do rádio: “Calma Cassstanho....(com aquele sotaque do Litoral, me respondia o funcionário da Marina)....calma....to te vendo aqui da praia....num fica afobado não...nós tamo aqui pertinho....”.
Com essa resposta eu fiquei paralisado: Será que estava exagerando, e não havia tanto perigo como eu imaginava ?
Não é possível, pensei....eu aqui com o barco preso nas rochas a dois metros da encosta – agora eu entendia que a âncora, providencialmente, havia prendido nas pedras do fundo e evitado o choque do barco com as pedras – meu sobrinho pequeno à deriva numa bóia, meu sobrinho maior mergulhando para salvar o irmão, eu tentando ligar o motor para tirar o barco das pedras, e o caiçara falando no rádio com aquele sotaque do Litoral: “calma Cassstanho, eu tô te vendo.....demorou....daqui a pouco eu mando alguém aí...”.
Bom, não dava para esperar aquela calmaria toda. Comecei a mexer no comando do motor, e aí descobri um profundo segredo: A partida só funciona se o comando estiver em ponto morto ! Na verdade, alguém deve ter esbarrado no comando, ou meu irmão mesmo, naquelas tentativas de fazer o motor funcionar. Encontrado o ponto morto, dei na chave novamente e Roooom...o motor pegou de primeira.
Aí, não tive mais dúvida: engatei uma ré e dei uma tremenda acelerada, desgrudando o ferro e soltando o barco das pedras.
Recolhemos então a âncora e fomos em direção aos dois sobrinhos que estavam a cerca de cem metros, flutuando em direção ao alto mar, completando o salvamento.
Foram necessários mais uns quinze minutos para o nosso “salvador” aparecer montado num Jet-sky, todo gabola, rindo e dizendo: “Que apavoramento foi esse, Cassstanho ? A gente tava aqui do lado”.
Por que não vieram nos salvar então ?, perguntei.
“Ah, eu só faço socorro se estiver naufragando....eu tava te vendo da praia...demorou...tava tranqüilo...”.
Bom, não preciso dizer aqui o que eu pensei, e o que falei para ele. Só posso dizer que fiquei com trauma daquele dia.
Hoje o funcionário não está mais lá, a Marina mudou de endereço e faz passeios maravilhosos de lancha pelo Canal de Bertioga saindo da praia da Enseada. E os donos continuam meus amigos.
Mas, não concordo com as brincadeiras dos amigos de meu sobrinho Percy Neto lá de Santos me imitando: “Aquilamaris, aquilamaris, socorro aquilamaris... mayday... mayday...”.Aquilamaris é a mãe.

Tuesday, March 02, 2010

Parem o mundo que eu quero descer.

Março de 2010 - Acabo de ouvir uma notícia estranha e preocupante. Um casal da Argentina fez um pacto de morte e cometeu suicídio, com medo de estar chegando o fim do mundo. O pior é que tinham um casal de filhos, e balearam as duas crianças também. O mais velho, de dois anos, foi encontrado morto junto com os pais. A menorzinha, de sete meses, foi encontrada chorando, após três dias do ocorrido, apesar de ter levado um tiro no peito, que felizmente não atingiu nenhum órgão vital. O que teria levado esse estranho casal ao gesto extremo ? Seriam as grandes alterações climáticas, e as catástrofes que vêm ocorrendo em todo o mundo desde o final de 2009 ? Nestes dois últimos meses, um terremoto devastou o Haiti, matando mais de 100 mil pessoas. A natureza não perdoa, e escolheu para essa desgraça um dos países mais pobres do planeta. No mundo todo, tempestades de chuva ou de neve vem assolando diversos países, sempre em proporções muito superiores às consideradas normais para a época. E, São Paulo, chuvas torrenciais provocam enchentes que muitos julgavam superadas nos últimos anos. Bairros inteiros foram alagados e alguns, instalados na várzea do rio Tietê, estão sendo totalmente desocupados e suas casas demolidas. No último dia de 2009, uma tempestade devastou a cidade histórica de São Luiz do Paraitinga, que fica na Serra do Mar entre Taubaté e Ubatuba, em São Paulo. Nem mesmo a pequena e secular igreja matriz da cidade resistiu. Desabou em meio a uma corredeira de água e lama vinda com as inundações. O mesmo temporal alcançou a cidade de Angra dos Reis, um verdadeiro paraíso com as mais belas ilhas dentro da baía de Ilha Grande. Pois bem, os morros da cidade vieram abaixo, levando muitas casas e matando dezenas de pessoas. Na Ilha Grande, outro desmoronamento arrastou outra dezena de casas, e atingiu uma das pousadas mais charmosas da região, matando várias pessoas. Nos Estados Unidos, nevascas descomunais atingem cidades como Nova Iorque, paralisando totalmente as atividades, e deixando atônitos os especialistas em clima. Enquanto eu escrevo estas linhas, vejo na TV as cidades do Chile totalmente devastadas pelo terremoto mais forte já ocorrido na Terra, pelo menos desde que existe a TV. Outra novidade: Um iceberg descolou da Antártica e viaja pelo mar à deriva. Não seria novidade, se não fosse o maior já visto até hoje. Ele tem o tamanho equivalente à metade do Distrito Federal, Brasília. Será que é o fim do mundo ? Se for, tudo bem. Eu estou preparado. Já comprei um pacote com dezoito latinhas de cerveja pelo preço de doze. Também estoquei dois pacotes de amendoim torrado com casca da Yoki. Eles não podem faltar em meu happy- hour, quando eu sento na frente da TV e fico girando de um canal para outro atrás de notícias. Aliás, acho que é por isso que algumas pessoas se matam, assustadas com o que veem na TV. Só tem notícia ruim, é desgraça pra todo lado. Notícia boa é alguém que foi salvo de um assalto pela medalhinha do pescoço, que parou a bala que ia direto ao coração. Acho melhor começar a agir para salvar o mundo. E já tenho tudo planejado. Minha primeira providência vai ser mudar de plano na TV à cabo. Vou tirar todos os canais de notícias, e deixar apenas os canais de desenho animado, os canais de natureza que mostram a vida animal, e os canais de religião, que ninguém é de ferro. E vai ser um canal de cada religião, pois na hora H nunca se sabe. Quem quer se salvar tem de saber pular de um barco pra outro, digo, de um canal para outro. E vade-retro, satanás !

Monday, July 13, 2009

A tropa do Otaviano.

Otaviano era um nordestino forte e queimado de sol. Devia ter por volta de cinquenta anos, e era chefe de tropa. Ele tinha uma tropa de cavalos, cerca de quinze animais, de todos os tipos e tamanhos. Tinha cavalo pequeno, cavalo grande. Tinha uma égua branca chamada Ventania que galopava muito e vivia prenhe. Outra égua castanha que mancava de uma perna, chamada Lasca-lenha. Acho que o Otaviano comprava seus cavalos no leilão da Prefeitura, por isso tinha animais de todos os tipos, um diferente do outro. O Otaviano tinha também alguns empregados, que cuidavam da tropa. De vez em quando eles nos deixavam rodar a tropa com eles. Nessas ocasiões, cada um pegava um dos cavalos que estavam presos no cercado, selava, montava, e ia com o pessoal procurar os animais que estavam soltos pelas ruas, pastando nos terrenos baldios. A isso se chamava rodar a tropa. O Otaviano morava em um trailer que ficava parado numa esquina do Alto de Pinheiros, bairro nobre de São Paulo que, naqueles idos de 1950, havia sido recém lançado pela Companhia City. Sua profissão e a de seus empregados era a de guarda noturno. Os guardas noturnos naquela época ainda não tinham motos ou carros como hoje. Andavam à cavalo mesmo, e faziam a ronda no bairro, que ainda tinha muitos terrenos vazios e poucas casas. O principal ajudante do Otaviano era o Macumbeiro. Não sei porque ele tinha esse apelido, mas ninguém sabia o seu nome. Macumbeiro era o mais valente daquela turma. Cabra macho. Gente ruim mesmo. Tinha fama de pegar os moleques que roubavam os cavalos e pendurá-los de cabeça para baixo no rio Pinheiros, baixando devagarinho até afundar a cabeça do moleque naquela água imunda. Mas, não sei porque, eu caí nas graças dele. Nossa turma, quando queria andar à cavalo, alugava os cavalos do Otaviano. Eu geralmente ia junto, mas não tinha dinheiro para alugar um deles. Ficava por lá conversando com os peões, com o filho do Otaviano, com o Macumbeiro. E assim fui fazendo amizade com eles. Mas, nossa turma também saia para roubar cavalos. Roubar cavalos significava encontrar os cavalos do Otaviano pastando e tentar laçar um deles para dar umas voltas. Para isso a gente levava uma cordinha, e montava em pelo mesmo. Nada de cela ou pano no lombo do bicho. Pois bem, todo pecado tem seu castigo. Uma noite saimos em quatro para roubar cavalos. Achamos os bichos perto da Marginal do Rio Pinheiros, que naquela época não passava de uma estradinha de terra ao lado da estrada de ferro. Cercamos os cavalos tentando laçar um deles, mas estavam muito desconfiados e se juntaram em um grupo compacto. Eu, mais arrojado que os outros, fui me aproximando de um dos cavalos para por a cordinha sobre seu pescoço. Quando estava quase conseguindo meu intento, Pumba ! Tomei um coice na coxa vindo de uma égua que estava logo à frente. A dor foi tão intensa que pensei que fosse desmaiar. Comecei a suar frio e a sentir uma fraqueza e uma tontura. Sentei na estrada e baixei a cabeça, e aos poucos a dor foi passando e eu me recuperei. Não preciso dizer que a caçada terminou ali mesmo, e que fomos todos para casa ainda assustados com o ocorrido. Mas, o maior susto de todos aconteceu numa tarde de domingo. Estávamos, eu e dois amigos, conversando no campinho, quando um deles nos disse que tinha visto um cavalo pastando ali perto e sugeriu que fossemos dar umas voltas. Nessa época eu devia ter uns treze anos, e meus amigos eram bem mais velhos que eu. Teriam uns dezesseis anos cada um, provavelmente. Providenciamos uma cordinha e fomos ao encontro do cavalo, que na verdade era uma égua. Depois de laça-la no meio da grama alta do terreno, saimos em busca de uma área livre para podrmos dar uns galopes. Mas, nem tínhamos conseguido sair do terreno quando, numa rua transversal apareceu uma figura imponente montada num cavalo marrom, e usando um chapéu de cangaceiro: Era o Macumbeiro. Quando nos viu deu um grito: "- Peraí seus muleque..." e tocou o cavalo em nossa direção. Eu só me lembro que saímos correndo, os três, pelo meio do mato, e ele nos perseguindo à galope. Eu, o menorzinho, não consegui correr nem 20 metros e já tropecei e caí no meio do capim, esperando o pior. Mas, ví o Macumbeiro passar por mim voando e continuar seu galope atrás dos dois amigos, na direção do Rio Pinheiros que ficava a cerca de quinhentos metros dalí. Bom, só me restava correr para casa ainda com as pernas tremendo, e ficar escondido por uns dias. Só fui encontrar meus amigos novamente no outro domingo, e, curioso, quiz saber o final daquela aventura. Eles me contaram o seguinte: O Macumbeiro correu atrás deles pela avenida da Prefeitura por uns trezentos metros. Aí, um deles tentou atravessar o riozinho, mas, apavorado, acabou caindo no meio daquela água de esgoto - é, o riozinho saía de uma manilha de esgoto e corria no meio de uma vala até o Rio Pinheiros. O peão, então, abandonou esse coitado e passou a se dedicar ao outro, que ainda corria na avenida. O resultado foi o seguinte: O cara correu até o rio, virou à esquerda na direção de Santo Amaro e continuou correndo. E o cavaleiro atrás dele. Segundo suas contas, o Macumbeiro só desistiu depois de uns dez quilometros de espinheiros, poças dágua, pedras, tombos, esfolões e mais correria. E só desistiu porque já estava escurecendo, senão ele iria correr até Parelheiros. Eu, depois daquela, não tive mais coragem de aparecer lá pelo Otaviano. Tinha medo de encontrar o Macumbeiro, e ele querer me dar uma coça, apesar de ele ter me poupado naquele dia. E ficou uma lição: A emoção de roubar os cavalos era ótima mas não valia a pena. Era melhor ser amigo do Macumbeiro e rodar a tropa na amizade, numa boa. Mais vale um cavalo na mão que duas éguas voando.